É um grosso e rico volume de 500 páginas, que se constitui como a mais recente e documentada síntese em particular da arte paleolítica de ar livre peninsular, mas também com algumas reflexões sobre a arte esquemática e seus mundos paralelos.
Embora com alguma informação datada, como a dos inventários da arte do Côa entretanto já ampliados (e também já publicados), é no entanto uma obra de referência pela riqueza dos diversos contributos e pelas diferentes perspectivas de análise metodológica.
E neste particular gostaria de destacar o texto de Primitiva Bueno, Rodrigo de Balbín e Javier Alcolea sobre o "Estilo V" que pretende caracterizar o ciclo da arte da transição tardiglaciar Magdalenense/Epipaleolítico na bacia do Douro (Foz Côa e Siega Verde entre os sítios maiores), datável entre c. de 11 500 e 9 000 BP [destaque para a aproximação a estas datas das cronologias absolutas do nível 4 do Fariseu (Vale do Côa) e da sua arte móvel incisa sobre placas de xisto]. Uma importantíssima reflexão em aberto, independentemente de se concordar ou não com o epíteto de Estilo V, que remete desde logo para os 4 clássicos estilos de Leroi-Gourhan para a arte das grutas e que hoje perderam muita da sua actualidade. De qualquer forma, um debate para o qual a continuação do estudo da arte do Côa, em particular do seu "santuário 2", será determinante.
Um dos mais importantes painéis inserível neste horizonte de transição da arte paleolítica para o mundo esquemático é precisamente a rocha 16 do Vale de José Esteves, cuja réplica será exposta no Museu do Côa - já que o original só é verdadeiramente acessível a "iniciados".
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