domingo, 28 de junho de 2009

João Nicolau de Almeida, um amigo do Vale do Côa

João Nicolau de Almeida, anfitrião em Ervamoira


As cores e a geometria variável de Ervamoira

Num recente"Hora de Baco" da RTP-N, o meu amigo João Nicolau de Almeida dissertava sobre a "sua-nossa" Quinta da Ervamoira (antiga Quinta de Santa Maria, na Muxagata) como só ele sabe, caracterizando o Duas Quintas, um dos grandes vinhos da região demarcada do Douro, e de como a criação paterna do mítico Barca Velha lhe serviu afinal de inspiração e modelo para agora nos oferecer estoutro magnífico fruto de Baco.
Ora a Quinta de Ervamoira domina a envolvente do axis-mundi da Arte do Côa que congrega os sítios geminados de Penascosa e Quinta da Barca. Esta esplendorosa quinta alonga-se entre a Quinta da Barca e a foz da Ribeira de Piscos e é proprietária da sua excepcional rocha 24, onde se guardam algumas das obras-primas da arte paleolítica do Côa.
Justamente endeusado o vinho, JNA não se coíbe de planger um sentido e pungente lamento de como o Parque Arqueológico do Vale do Côa - onde se insere de pleno direito a Ervamoira - foi abandonado, quase totalmente abandonado por Lisboa. O seu lamento à incúria e o abandono político a que tem sido votado o património rupestre do Côa é uma farpa que prolonga seguidamente na indefinição do modelo de gestão e sustentabilidade do Museu do Côa, com abertura programada para os próximos meses.

Sei que é sentido este lamento, pois João Nicolau de Almeida é um dos grandes conhecedores do Douro vinícola e um apaixonado pela arte rupestre (sempre o impressionou a sua grande antiguidade) que lhe envolve as vinhas de Ervamoira. Esteve connosco desde a primeira hora nas batalhas em defesa da salvação da arte rupestre, o que significou também a salvação das suas vinhas de Ervamoira que seriam irremediavelemnte engolidas pelo regolfo de Foz Côa. E daí a cumplicidade que sempre tivemos na junção destes dois patrimónios que conjugam afinal o futuro da região.
Mas JNA vai mais longe e interroga-se se o abandono a que o "sistema" tem votado o Vale do Côa, não esconderá afinal a secreta esperança de um dia destes um qualquer governo mais descabelado voltar a repegar no projecto da abandonada barragem do Côa!! Coisa que a espaços aflora na imprensa, nomeadamente na prosa de cronistas nos limites do terrorismo verbal.
Não creio, meu caro João Nicolau, que enquanto Portugal se mantiver um país nos limites do que se entenda por civilização, qualquer governo, por mais voluntarista, se atreva a tal afronta cultural. Se fomos um exemplo mundial ao pararmos uma barragem para salvar sítios rupestres, seríamos novamente exemplo, mas desta feita na senda de talibans anti-budistas, destruindo intencionalmente o nosso mais falado Património da Humanidade. Claro que a damnatio memoriæ do Vale do Côa começou logo em 1995, mas penso que temos conseguido resgatá-la, ainda que a sua valorização esteja para já nos antípodas da materialidade civilizacional. E o abandono do PAVC é mais fruto do habitual desleixo português (salvou-se o sítio, deixá-lo agora ficar para ali...) e da famigerada e negra incúria financeira a que os projectos de cultura têm sido votados, como aliás o PM José Sócrates ainda recentemente reconheceu.
Há que seguir lutando pela valorização dos sítios do Vale do Côa, um sublime património que só os ignorantes poderão subestimar. E os meus parabéns ao teu cada vez mais apurado Duas Quintas...

O Director-Geral da UNESCO, Senhor Koïchiro Matsuura,
assina o Livro de Honra da Quinta de Ervamoira, durante
a sua recente visita ao Vale do Côa, em 21 de Maio passado.

Fotos: © AMB

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Manuela Ferreira Leite e o Vale do Côa

Ana Lourenço é uma excelente entrevistadora política da SIC-Notícias. Depois de, na passada semana, ter transmutado o animal feroz em manso cordeirinho (ou de PM a candidato a PM), esta noite a sua ternura (incisiva) trouxe ao de cima uma líder do maior partido da oposição no seu melhor (o que não é fácil). E no meio da argumentação política, ouviu-se - pela primeira vez que me conste - uma opinião de MFL sobre o Vale do Côa.
E qual seja essa opinião?
Pois para justificar que não é assim tão estranho que, caso o PSD chegue de novo ao poder, MFL vá parar para repensar as grandes obras públicas em trânsito, vulgo TGV, aeroporto de Alcochete, nova ponte sobre o Tejo e novas auto-estradas (infelizmente as novas barragens parece serem coisas adquiridas), já que o mesmo terá feito Guterres ao chegar a PM em 95, mandando suspender... a barragem de Foz Côa.
E Ferreira Leite acrescentava ainda, em abono deste miraculoso exemplo, que haveria para Foz Côa (leia-se as gravuras) outras "soluções culturais" que não terão sido tomadas em conta! Não disse quais, mas não será difícil imaginá-las, embora de culturais não tenham nada: que se tivessem cortado as pedras gravadas, como sugeria a EDP; que se tivessem feito réplicas de todos os painéis historiados (!!); ou que se tivessem metido e embalado os painéis paleolíticos no interior de redomas transparentes que seriam visitadas com a ajuda de pequenos mini-submarinos (parecia ser uma das soluções caras a Mira Amaral)!!!; ou ainda, pura e simplesmente, que se tivesse construído um museu e fazer por esquecer definitivamente o condenado vale - o verdadeiro museu!
Claro que tudo isto pressupõe um grande desconhecimento da realidade rupestre de Foz Côa (mais de 900 rochas historiadas e a ambiência paleolítica irremediavelmente escaqueirada!!), e... o amor-próprio que tarde ou cedo os povos acabarão por ter destas coisas "culturais" e de que há abundantes exemplos por essa Europa fora. Seja ele ou não auto-sustentado. Mas adiante.

Por outro lado, não foi feliz MFL ao comparar a paragem de um projecto como o da barragem de Foz Côa por óbvias razões culturais e de defesa dos sítios rupestres, mas também de prestígio internacional do país, com a suspensão das actuais e citadas grandes obras públicas por manifesta falta de sustentação financeira e de grande endividamento público, como parece também óbvio e nem os mais encarniçados apoiantes do governo em funções conseguem justificar.
Por este naco de entrevista ficámos assim a saber que provavelmente MFL, a ser um dia PM, poderá repensar o projecto da barragem do Côa que eventualmente poderá ser construída caso a consolidação orçamental um dia destes, por milagre dos deuses (que não os pré-históricos), possa ser atingida.
Não duvido que MFL possa chegar a PM de Portugal, tantos são os erros cometidos por este governo - não é a oposição que ganha eleições, são os governos que as perdem, relembram constantemente os analistas. Mas desejo sinceramente que nesse hipotético dia possa estar melhor informada sobre o caso Côa e o não misture nesta trapalhada em que se transformou o debate sobre a famosa consolidação orçamental tão cara a todos os políticos respeitáveis. Ou não fossem eles os principais responsáveis pelo enorme buraco negro em que todos continuamos mergulhados. Pese enorme os colossais fluxos financeiros que desde há mais de 20 anos a União Europeia para aqui foi canalizando...

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Curso de Verão no Vale do Côa e em Siega Verde



Dando continuidade às boas relações que vimos mantendo com a Junta de Castilla y León na organização de várias actividades entre Siega Verde e o Vale do Côa, decorrerá entre 1 e 5 de Julho o primeiro destes cursos de verão. Será subordinado à temática "Métodos e técnicas de estudo da arte rupestre": 2 dias de trabalho em Siega Verde e 2 dias de trabalho no Vale do Côa. O curso será inteiramente financiado pela Junta de Castilla y León.
Recorda-se que Siega Verde tem neste momento pendente de análise junto da Unesco a sua candidatura a Património da Humanidade como extensão do Vale do Côa.

Museu do Côa 02

O Ministro da Cultura, Pinto Ribeiro, em entrevista a Mário Crespo na Sic-Notícias, acaba de levantar uma ponta do véu: o Museu do Côa será inaugurado antes das eleições e funcionará em rede com o Museu do Douro. E esperemos que com outros museus, nomeadamente fora de Portugal e em particular de sítios com arte rupestre Património da Humanidade. Ou seja, este conceito de rede deve ser entendido com a necessária abrangência.


Colóquio Internacional Património e Desenvolvimento


A quem interessar, é este o resumo da minha comunicação a este Colóquio, que decorrerá em 30 de Junho (Trancoso) e 1 de Julho (Vila Nova de Foz Côa:

A CONSTRUÇÃO DA MEMÓRIA. Vale do Côa entre passado e presente

A invenção da descodificação do passado pré-histórico é uma conquista do século XIX, que para isso inventa uma nova ciência, a arqueologia pré-histórica. O darwinismo não permitia alternativas.

No século XX, o tempo dos excessos, o passado torna-se cada vez mais presente. Mas que passado? O dos mitos fundadores das sociedades contemporâneas que o relativismo histórico (outra conquista oitocentista) não consegue mitigar? Ou o da subversão que o homo turisticus vai impondo em pacotes de circunstância? Ou ainda o passado sistematizado pelo rigor académico, também ele outra forma de subversão dos mundos virtuais do presente? É que há agora uma pluralidade de passados à escolha.

Partindo de alguns exemplos de manipulações da história no mundo antigo e em época contemporânea, apresentam-se algumas reflexões a propósito do estudo de caso de Foz Côa, o melhor exemplo na transição do milénio das dificuldades de construção de uma memória colectiva arcaica no Portugal contemporâneo. Das gravuras paleolíticas do Vale do Côa às gravuras paleopolíticas de Foz Côa, ou as tentativas de damnatio memoriae do homo aesteticus paleoliticus.

sábado, 20 de junho de 2009

Museu do Côa 01





A última vez que passei no aeroporto Sá Carneiro foi há uns meses atrás e para meter a minha filha num avião para Londres (onde já vive há seis anos), com a recomendação expressa de que não pensasse tão cedo em reinstalar-se neste país inchado de medíocres togados e com outros tantos à espreita de ajuramentação. Bom, parece que um idiota qualquer de Foz Côa me terá visto há coisa de 15 dias a enfiar-me aí, eu próprio, meio à socapa, num avião para Paris a expensas e na companhia de gente da Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa!! E para quê? Pois para ajudar a tomar de assalto o Museu do Côa! Ao qual estou ligado desde o primeiro minuto e do qual sou responsável por uma boa parte do seu programa museológico... Estranho... Para o que me havia de dar!!

Pois parece que o Museu do Côa é agora objecto da agiotagem eleitoral em que o país se vai entretendo, enquanto as contas públicas derrapam para um buraco negro de efeitos imprevisíveis e os políticos nacionais e locais se ofendem na praça pública tachando-se uns e outros de incompetentes, mentirosos, rapaces e por'í fora!

No microcosmos de Vila Nova de Foz Côa há uns blogs anónimos onde a malta se deleita, acobardados no anonimato e na impunidade antidemocrática que a Net vai permitindo, em ofenderem a gestão instalada da respectiva Câmara Municipal e quantos com ela se cruzam. E o Museu do Côa, obra pública nacional que muito nos custou a instalar nos arredores da cidade, é agora, e desde já, tema eleitoral.

Mão amiga fez-me chegar a informação sobre uma dessas anónimas postagens em que pela primeira vez desde que aqui me instalei (vai para 13 anos, mas isto é nada para quem cá nasceu ontem...), apareço agregado a um pacote de indígenas que se propõe ajudar o actual Presidente da Câmara, cuja amizade prezo mas por isso mesmo não me coíbo de lealmente afrontar, nunca sob anonimato, sempre que a Arte do Côa esteja em causa, a "tomar de assalto" o Museu do Côa! Passando-o de uma previsível gestão pública, sob o controle do governo central, para uma suposta gestão camarária (pública ou semi-pública), quer através da própria Câmara Municipal, quer através da Associação de Municípios do Vale do Côa.

Ora, se assim o pensasse e nunca ninguém me pediu opinião sobre a matéria (males da não-regionalização), não precisava de me esconder para o defender. Pelo contrário, o Museu do Côa, que se deveria antes passar já a chamar Museu Nacional do Côa, não poderá estar sujeito à contingência das guerrilhas políticas locais e de imponderáveis eleitorais. E daqui alerto todos os fozcoenses bem-intencionados e não-acobardados, do que penso e já o disse ao próprio Presidente da Câmara (conheço demasiado bem todo o processo), é que o Estado central, empurrado pela força das circunstâncias e pela impenitência dos tempos, poderá ser tentado a breve prazo a aligeirar o que considerará o maior "elefante branco" herdado da era Guterres e que é... o Parque Arqueológico e o Museu do Côa! Coisa que evidentemente não será fácil de vender.

Mas nada disto está decidido - que se saiba. E pela prosaica razão de que... não há dinheiro para brincadeiras gestionárias. E as eleições estão à porta. E o futuro é imprevisível (como os independentes).

O Museu do Côa é uma excelente obra de arquitectura (bebida na escola da land-architecture, segundo influência reconhecida pelos seus próprios arquitectos) que se propõe explicar ao visitante interessado o que é isso da Arte do Côa, que muitos mal enxergam e quase todos não entendem. Como tal foi objecto de um programa museológico que se pretendeu pragmaticamente científico, ainda que a museografia vá deixar muito a desejar. Também isso fruto dos tempos. Mas está concebido como um museu aberto, onde a investigação e os novos programas museográficos poderão sempre fazer e refazer.

O que não me passa pela cabeça é que, passada mais de uma década nesta terra onde sempre fui muito bem recebido, apareça agora um idiota anónimo a tentar injectar-me numa qualquer conspiraçãozeca de interior que, quanto mais não fosse, poderia destruir rapidamente as expectativas criadas dentro e fora do país sobre a cúpula de todo o projecto que engendrámos para a defesa da grande Arte do Côa. A próxima etapa seria começar-se já a campanha para a construção da velha-nova barragem de Foz Côa. A troco sabe-se lá de quê... talvez de um mecenato da EDP que suportasse os elevados custos de manutenção e programação do Museu do Côa!

Fotos: © AMB

sábado, 13 de junho de 2009

Lascaux e a Pré-História do Futuro

Aproveitando uns dias de férias e um amável convite da Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa, pude cirandar por alguns dos mais emblemáticos sítios de arte parietal do paleolítico europeu. Observando realidades distantes e tão próximas, analisando modelos de gestão... Claro que teria de passar por Lascaux.

Uma visita a Lascaux é sempre uma experiência perturbante para qualquer pré-historiador de arte. Esta gruta, admiravelmente decorada pelo imaginário paleolítico há mais de 17.000 anos, está há décadas (foi redescoberta em 1940) definitivamente inscrita no código genético da cultura ocidental. É provavelmente o mais significativo dos monumentos da nossa arte das origens. Classificá-la de sublime e considerar geniais os seus artistas é dizer pouco, muito pouco. Objecto de inúmeros estudos, ainda hoje surge como uma matéria do espanto e permanece um enigma ao entendimento sistémico da nossa arte fóssil.

Mas é um sítio ameaçado por décadas de ignorância e alguma incúria, muito em especial pelas maciças visitas turísticas das décadas de 40, 50 e até 60 do século passado. Que alteraram irremediavelmente os delicados ecossistemas do interior da cavidade que durante milénios tinham permitido a conservação dos seus admiráveis frescos e inúmeras gravuras (muitas delas reveladas pela paciente minúcia dos levantamentos do Abade Glory). E propiciaram o aparecimento de sucessivas e destruidoras pragas: desde as doenças "verde e negra" de algas e fungos aos actuais "cogumelos assassinos"! E o encerramento definitivo da gruta.

Compreende-se assim, que já em 1984 e frente ao incremento da poderosa indústria turística, tenha sido inaugurada uma réplica fac-similada de parte da gruta original (a Sala dos Touros e o Divertículo Axial, onde se concentram grande parte das pinturas), ela própria elaborada e afundada a cerca de 200 metros da antiga entrada da gruta. E parece estar para breve a (re)elaboração de uma outra réplica fac-similada.

Esta é a entrada actual da gruta original (o próprio sítio é também ele vedado aos visitantes), selada para sempre aos olhares profanos do turismo de circunstância:

Mas ao lado, rodeada por um bem tratado enquadramento florestal, típico de um país
ordenado como é a França rural actual, o acolhimento em Lascaux II é agradável. Os visitantes, encaminhados da histórica aldeia de Montignac, rapidamente se deixam envolver por esta floresta de encantamento, talvez ainda mais agradável em época invernosa.

E no interior de Lascaux II, após uma introdução à ambiência pré-histórica do tempo de Lascaux e uma passagem visual pelas técnicas de execução dos artistas pré-históricos, abre-se a rotunda dos touros e o pequeno corredor do divertículo axial.
Claro que são estas as pinturas que aqui se observam, embora para um leigo a diferença para os originais não pareça perceptível:



Esta é a Lascaux do presente, gerida pela empresa Sémitour Périgord, uma sociedade anónima de economia mista. Que, para além de Lascaux II, gere em pacote também o Gouffre de Padirac (uma das grandes curiosidades geológicas de França), a Gruta do Grand Roc, Le Thot, o Abri Pataud, os Castelos de Biron, de Fenelon, de Monbazillac, de Puymartin e de Bourdeilles, o Claustro de Cadouin, o Castelo e Jardins de Losse e os Jardins de Eyrignac e do Imaginário. Ao visitante interessado é fornecido uma espécie de passaporte e, após quatro visitas a qualquer um destes sítios, é oferecida uma... garrafa de vinho do Périgord.

Como me dizia um amigo das Eyzies, a pré-história hoje vende extraordinariamente em França e é um importantíssimo agente da indústria do turismo e do lazer. E Lascaux II é um dos seus lugares cimeiros. Mas tudo servido por décadas de planeamento e financiamentos articulados, com verdadeiros Ministérios da Cultura, onde as ondas de choque da actual crise mundial mal se sentem. Que é afinal o que falta em Portugal. Extrapolando para o Museu do Côa e os (desconhecidos?!) modelos de gestão em que terá de enquadrar-se, parece faltar-nos ainda quase tudo. Excepto a extraordinária qualidade da Arte do Côa que a muitos em Portugal parece ainda incomodar. Longe das patéticas campanhas de propaganda da EDP das últimas semanas, é tempo de repensarmos seriamente os modelos de gestão do também rico património histórico e arqueológico que guardamos no nosso interior mais recôndito. Temos tanto e tanto nos falta...

Fotos: AMB e BN