domingo, 17 de agosto de 2008

Edição das ACTAS do III Congresso de Arqueologia de Trás-os-Montes, Alto Douro e Beira Interior


É do domínio da psicologia das nações: um mal nunca vem só! 
Como uma boa parte do país, também a arqueologia nacional vive um forte momento de crise: de afirmação (como se ainda o necessitasse!), de financiamento (um factor crónico, típico de país inviável em planeta globalizado) e de criação (este o mais grave, mas que decorre do resto).
Contra todas as expectativas, conseguiram editar-se em tempo útil as Actas do III Congresso de Arqueologia de Trás-os-Montes, Alto Douro e Beira Interior - Diálogos no Vale do Côa, cujas sessões públicas se realizaram entre 15 e 20 de Maio de 2006, distribuídas por vários concelhos da área do Côa (Vila Nova de Foz Côa, Figueira de Castelo Rodrigo e Pinhel). Com financiamento da Comissão de Coordenação da Região Centro e dos municípios envolvidos, a quem se agradece. 
Estão distribuídas por 4 volumes que se guardam em caixa de cartão cartonado:

No prefácio ao I (e II) volume(s), o nosso amigo Dr. Emílio Mesquita, Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa, deixa-nos dois desafios: que a arqueologia (o património em geral e o Vale do Côa em particular), mais do que "deleite científico-cultural" (que sempre será!), se transforme na base do desenvolvimento sócio-económico sustentado da região; e que nos abalancemos à organização de um "Congresso Internacional de Arqueologia nesta Região". Quanto ao segundo aspecto, embora como acto isolado, já em 1999 o então Instituto Português de Arqueologia aqui organizara um congresso que reuniu gente de todos os sítios com arte pré-histórica Património da Humanidade, onde causaram sensação as histórias e vivências dos dois aborígenes australianos que aqui aportaram! Mas nunca é tarde para repegar na ideia, acarinhá-la, estruturá-la e dar-lhe de novo corpo. Talvez agora com a organização de colóquios internacionais temáticos, um pouco à semelhança da maneira como estas Actas aparecem organizadas. Mas claro que aceitamos o desafio que pode ser um dos temas dinamizadores do novo Museu do Côa. 

Mas...! Qual será o modelo de gestão do Museu do Côa e da sua interligação com o Parque Arqueológico? Foi o próprio Emílio Mesquita que ainda há dias numa entrevista alertava (e bem) para o facto de não valer a pena abrir-se o Museu, caso não estejam bem estudados e ordenados aqueles aspectos! "Para que não criemos aqui um novo elefante branco"! No que concordo em absoluto. Portanto, mãos à obra que o tempo urge!

Temos evidentemente ponderado a continuação destes Congressos em boa hora iniciados já há muitos anos a partir do voluntarismo de António Sá Coixão e mais recentemente co-organizados pelo PAVC e CNART. Praticamente sem meios, como é apanágio em horizontes lusos. E claro que se justificará reordenar estes congressos internacionalizando-os mais, mas apenas numa base de sustentabilidade, integrando-os na própria dinâmica das investigações regionais (e mesmo nacionais) usando para isso aquilo que os homens do marketing chamam a "marca Côa". E então aí a arqueologia entrará como uma das bases do tal "desenvolvimento sócio-económico". 
Olhando para o estado do país e da arqueologia, direi que falta muito para lá chegarmos. E o primeiro aspecto que há que curar é o tal do domínio da psicologia. Tratemos da doença mental que a todos parece corroer, do derrotismo e laxismo que nos rodeia e partamos para outra.

Para quem se interesse pela investigação pluridisciplinar que por aqui se vai ainda fazendo, pois aí estão as Actas: 















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